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"Vaga música"

Tua música, Cecília,
soprada nos meus ouvidos,
evoca sombras sonoras
que em eco se multiplicam.

De cada coisa que dizes,
nem sempre guardo o sentido.
Mesmo as palavras mais sábias,
mesmo as palavras mais belas
– iluminuras antigas
em pergaminho amarelo –
são luas de esquecimento
gotejadas nos ouvidos.

Mas sua música fica.
Labor de seiva nos ramos,
há uma ressonância interna
que permanece comigo
e continua vibrando
toda em ondas paralelas.

Tuas palavras são pedra
ferindo as águas do poço.
Tua música mais fluida,
por isso mesmo perdura
para além do pensamento.
No centro do meu silêncio,
os teus fantasmas de vento
criam ondas que se ampliam
em halos de esquecimento
pelo infinito de tudo.


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